domingo, abril 29

Os Neomalandros

 Hoje, nem malandro se faz como antigamente?

 O fato é que a malandragem era quase do bem. Eram namoradores, boêmios, sambistas de caixa de fósforos, da Lapa ou do Ponto de Cem Réis, mas eles não causavam grandes problemas. Na verdade faziam parte da lógica da cidade, estavam envoltos por um mito, eram figuras românticas, amadas. E é claro que onde existe amor também existe ódio.

 Os atuais têm todas as más características dos antigos, são mais sofisticados é verdade, não usam mais paletó branco e são de difícil detecção, pois são ainda mais “malandros”.
 Não possuem mais como meta, a cerveja e o cigarro do dia ou aquela morena de cair o queixo, são agora gananciosos,  não ligam para a música nem tampouco para a poesia. Utilizam de uma única “arte”, a de fingir e ocultar sua verdadeira face. Eles e elas se espalham, ocupam os mais diversos lugares e meios, estão a minha e a sua volta.

 Esses neomalandros são originalmente hipócritas e aí é que está a grande diferença. A malandragem antiga não era mascarada, estava e era caracterizada, por isso era tão encantadora, bebiam, fumavam, cantavam, se sabia quem eram efetivamente e dessa maneira eram queridos ou não.

  Na realidade, o adjetivo malandro, que servia para caracterizar Bezerra da Silva, Livardo Alves, Jackson do Pandeiro e que ainda serve para alguns remanescentes como é o caso de Parrá (um dos poucos que ainda carrega a bandeira da boa malandragem), foi modificado, descaracterizado, foi subtraído em seu valor lúdico e romântico.

 Nos dias atuais, esta palavra adquiriu uma conotação bem diferente, que não é apaixonante, digna de destaques positivos ou de boas histórias. Os novos donos desse adjetivo, sinceramente, é melhor não citar.
 Iago Sarinho

Chico Buarque dá sua versão do tema...

 

Vital Farias canta uma história de malandro...

  

  Bezerra da Silva, o rei da boa malandragem?
 
       

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