Hoje, nem malandro se faz como antigamente?
O
fato é que a malandragem era quase do bem. Eram namoradores, boêmios,
sambistas de caixa de fósforos, da Lapa ou do Ponto de Cem Réis, mas
eles não causavam grandes problemas. Na verdade faziam parte da lógica
da cidade, estavam envoltos por um mito, eram figuras românticas,
amadas. E é claro que onde existe amor também existe ódio.
Os
atuais têm todas as más características dos antigos, são mais
sofisticados é verdade, não usam mais paletó branco e são de difícil
detecção, pois são ainda mais “malandros”.
Não
possuem mais como meta, a cerveja e o cigarro do dia ou aquela morena
de cair o queixo, são agora gananciosos, não ligam para a música nem
tampouco para a poesia. Utilizam de uma única “arte”, a de fingir e
ocultar sua verdadeira face. Eles e elas se espalham, ocupam os mais
diversos lugares e meios, estão a minha e a sua volta.
Esses
neomalandros são originalmente hipócritas e aí é que está a grande
diferença. A malandragem antiga não era mascarada, estava e era
caracterizada, por isso era tão encantadora, bebiam, fumavam, cantavam,
se sabia quem eram efetivamente e dessa maneira eram queridos ou não.
Na realidade, o adjetivo malandro, que servia para caracterizar Bezerra
da Silva, Livardo Alves, Jackson do Pandeiro e que ainda serve para
alguns remanescentes como é o caso de Parrá (um dos poucos que ainda
carrega a bandeira da boa malandragem), foi modificado,
descaracterizado, foi subtraído em seu valor lúdico e romântico.
Nos
dias atuais, esta palavra adquiriu uma conotação bem diferente, que não
é apaixonante, digna de destaques positivos ou de boas histórias. Os
novos donos desse adjetivo, sinceramente, é melhor não citar.
Iago Sarinho
Chico Buarque dá sua versão do tema...
Vital Farias canta uma história de malandro...
Bezerra da Silva, o rei da boa malandragem?
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